Desvendando o seu ‘eu’ com a Psicoterapia

“De todos os conhecimentos possíveis, o mais sábio e útil é conhecer a si mesmo (Willian Shakespeare)”

Por: Paula Studart

Os psicoterapeutas utilizam diversas abordagens, intervenções, técnicas, estratégias para provocar mudanças nos seus pacientes. Atingir o objetivo de mudar perpassa pelo autoconhecimento. É uma trajetória que exige diálogo, escuta, reflexão e aceitação. Requer investimento. Talvez o caminho seja longo, contudo, é necessário e gera, na maioria das vezes, conquista.

Buscar [conhecer] si mesmo

Independentemente de abordagem, a Psicoterapia apresenta como função principal atenuar o sofrimento emocional de um indivíduo. Este pode aparecer com “disfarces”, que geram prejuízos para a vida: como estresse, ansiedade, depressão, problemas de comportamento, conflitos interpessoais, confusão e desespero. Na maioria das vezes, o sofrimento vem envolvido de preocupação com o passado ou com o futuro, aumentando ao se distanciar do presente (Germer, 2016).

Não obstante, com o processo psicoterápico e estreitamento da aliança terapêutica, o paciente adquire maior capacidade de compreender o que está incomodando e permite explorar e trabalhar suas dificuldades. A Psicoterapia instiga reflexão e interpretação de si mesmo, assim como, conduz o indivíduo para o encontro de um “lugar mais ameno” que gera crescimento interior e bem-estar: o autoconhecimento. Desta forma, permite que o indivíduo desenvolva suas capacidades e reestruture seus pensamentos e crenças disfuncionais.

Um dicionário define autoconhecimento comos.m. conhecimento de si próprio, das suas características, qualidades, imperfeições, sentimentos etc; que caracterizam o indivíduo por si próprio. (Etm. auto+ conhecimento). 

O autoconhecimento compreende não apenas as crenças relativas ao estado atual do eu, mas também idéias e expectativas relativas a vários estados potenciais. Implica, muitas vezes, na pessoa perceber os seus potenciais. Este reconhecimento sobre suas possibilidades e potencialidades é um recurso positivo com o qual o paciente deve recorrer para realizar as mudanças desejáveis nos seus pensamentos, emoções e comportamentos (Bak, 2015).

Vale destacar que conhecer a si-mesmo auxilia na auto-regulação, que consiste na modulação contínua, dinâmica e adaptativa do estado interno (emoção, cognição) ou comportamento. Neste sentido, ajuda na manutenção  do humor e estado de equilíbrio do paciente. A auto-regulação se refere aos processos intrínsecos destinados a ajustar o estado mental e fisiológico de forma adaptativa. Envolve o controle cognitivo, a regulação emocional e os processos referentes a emoções, comportamentos ou cognições que ajudam a melhorar a adaptação (Nigg, 2017).

É válido quando o indivíduo descobre que não precisa se esquivar das suas experiências para se sentir melhor. Ser consciente (mindful) é reconhecer o que ocorre no presente com atitude amistosa. Uma forma simples de consciência é o mindfulness, que significa estar consciente do que se passa na mente, no corpo, nos pensamentos e nas emoções, com aceitação. Seria, portanto, estar plenamente desperto para sua própria vida. É uma habilidade que proporciona ser menos reativo ao que está acontecendo no momento (Germer, 2016).

Conclusão

De fato, a Psicoterapia pode concentrar benefícios e ajuda o indivíduo no encontro com si mesmo. O apoio do terapeuta permite que o paciente acesse o que está acontecendo internamente e desenvolva o autoconhecimento. Desvendar o “seu próprio eu” tem como resultado a realização pessoal e profissional, visto que, auxilia o seu planejamento, organização e tomada de decisão. É um processo que exige desejo, podem aparecer barreiras, contudo é compensado. Aprofundar os estudos sobre as estratégias que ajudam na transformação do paciente e busca do autoconhecimento, incluindo o mindfulness, é relevante para qualquer psicoterapeuta. Que esse breve texto seja válido para instigar novos conhecimentos!

 

Referências:

Bak, Waclaw. (2015). Possible Selves: Implications for Psychotherapy. Int J Ment Health Addiction,13:650–658

Germer, Christophet. (2016). Mindfulness e Psicoterapia, tradução: Maria Cristina Goularte Monteiro; revisão técnica: Melanie Ogliari Pereira – 2ª Ed – Porto Alegre: Artmed.

Nigg, J.T. (2017). Annual Research Review: On the relations among self-regulation, self-control, executive functioning, effortful control, cognitive control, impulsivity, risk-taking, and inhibition for developmental psychopathology. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 58, 361–383.

2 comentários em “Autoconhecimento

  1. Maravilhada com a qualidade do seu site e dos seus textos, Dra Paula. Li todos! Aprendo sempre muito com você e nossas conversas!! Tenho uma imensa confiança em você e no seu trabalho! Sou muito grata e feliz por ter sua amizade!
    Mais e mais sabedoria, estudo, sucesso, felicidade e realização na sua vida!

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