Amamentar sempre foi um desejo, mesmo sabendo das dificuldades. No início, sabia que precisaria me adaptar. Leva um tempo para mamãe e neném se ajustar. Existem mães que tentam e desistem no percurso. Algumas por falta de apoio, de informação ou até mesmo acreditam que não vão suportar a dor ou o trabalho. Outras por conta de demandas pessoais ou até mesmo podem não ter o leite suficiente que o neném necessita. Vale a tentativa! Concordo que a amamentação precisa ser bom para mãe e para o bebê e nem sempre é possível, no entanto, a proposta do meu relato é apenas incentivar as que desejam e precisam de suporte para continuar.

Na minha primeira gestação, do Miguel (hoje com 5 anos), me preparei para a amamentação com a Calma. Fiz o curso, fui acolhida e recebi boas informações de Eliene. Fiquei feliz com o conhecimento que tinha adquirido e fui para a maternidade confiante de que ia dar certo. Miguel foi para o meu seio na sala de parto e assim continuou sendo alimentado. No entanto, tive algumas dificuldades. Ainda nos primeiros dias que o Miguel chegou em casa precisei recorrer à Eliene. Ela veio fazer uma visita na minha casa para ajudar com a pega do neném. Amamentei Miguel exclusivo com leite materno por 6 meses e mantive por 1 ano mesmo com a introdução de outros alimentos. Tive mastite 3 vezes, mas não desisti. Arrumei meus horários de trabalho (sou psicóloga clínica) de acordo com a amamentação do Miguel. Era um grande prazer esse momento com ele, então a primeira mamadeira de Miguel foi com 11 meses quando comecei a me preparar para o desmame.

Na segunda gestação, com o Rafael (1 mês), não achei necessário procurar a Calma. Tinha boas expectativas. Achava que ia “tirar de letra” pois já havia passado pela experiência da amamentação. Mas, nem tudo podemos controlar. Cada bebê é diferente. Rafa nasceu prematuro precisou ficar alguns dias na UTI neotanal do Hospital Aliança. Conversei com a equipe que gostaria de amamentar e acordamos que toda vez que Rafa chorasse, mesmo nas madrugadas, iria ser chamada. A equipe foi bem parceira. Todos incentivaram bastante a amamentação. Me deixaram segura e auxiliavam com a pega do bebê no meu seio. Contudo, no segundo dia por conta de estar urinando pouco a médica me informou que precisaria complementar com fórmula. Fiquei triste inicialmente, não esperava que fosse precisar dar fórmula tão cedinho, porém entendi que seria feito o melhor para o meu neném. A enfermeira sugeriu que fosse feita a relactação. Me explicou que iria introduzir o leite através de uma sondinha com o neném no meu peito. Eu continuaria amamentando o Rafa. A fórmula não seria um problema, mas sim uma solução. Rafa precisou de apenas duas mamadas com a fórmula para a quantidade de urina voltar a normalidade.

Dois dias depois Rafa recebeu alta e fomos para casa. Em casa, como muitas mamães, apesar da experiência anterior com o Miguel, tive problemas com a pega do neném. Rafinha por ser prematuro, tinha a boquinha bem pequena, parecia não abrir o suficiente ou eu não conseguia colocá-lo na posição adequada. Então o bico dos meus dois seios ficaram bem machucados. Pensei em desistir. Mas, queria muito amamentar meu segundo filho. Minha médica então sugeriu que eu novamente ligasse para a Calma, pois mais recentemente, a Calma oferecia a técnica de laser para cicatrização das feridas causadas pela pega errada do neném (na época do Miguel essa não era uma opção). Liguei então para Eliene e ela foi super receptiva ao telefone. Eliene sugeriu que entrasse em contato com Elissandra (Eli) para marcar uma visita em minha casa.

Eli veio avaliar a minha situação e sugeriu que descansasse dois dias os meus seios, fizesse o laser, tirasse o leite de bomba e este fosse dado ao o neném com a sondinha no meu dedo mindinho. Fiquei triste e o meu pensamento era: Será que vou aguentar? Minha vontade de amamentar era tanta que não deixei pensamentos negativos tomarem conta da minha cabeça. Tive alguns encontros com Eli e consegui retornar a amamentação. No entanto, com 15 dias novamente um susto. Rafa teve febre, fomos ao pediatra José Luiz Couto (tio Zé) e ele disse que possivelmente era desidratação. Tio Zé sempre muito seguro e assertivo sugeriu que eu continuasse amamentando, mas desse um complemento com fórmula. Ele foi enfatico ao dizer que o bom leite é o que seu filho precisa. A fórmula vai ser um auxilio importante neste momento. Rafa precisava ganhar peso e precisava se hidratar bastante. Continuei usando a sondinha então para fazer esse complemento ao Rafa. A febre melhorou e após uma semana Rafa havia ganhado o peso que precisava. Realmente a relactação foi importante naquele momento.

Hoje Rafa está com um mês, saudável e eu estou amamentando sem necessitar de complemento de fórmula. De fato, quando recebemos boas informações e contamos com profissionais competentes para nos orientar, muitas vezes conseguimos bons resultados. A translactação/relactação pode assustar, pois faz a gente pensar que a amamentação não vai ser possível, porém, por vezes é necessária. Vi que usar de recursos hoje existentes não significa parar de amamentar. Usar a fórmula não impede a amamentação.

Eu espero continuar amamentando o Rafa, pois para mim é um grande prazer. Sinto que nosso vínculo só aumenta. É o meu momento eu e ele. É uma grande acolhida quando ele chora e eu não sei porque. É o meu suporte quando ele está com dor. Para as mães que não tem a condição da amamentação com o seio ou o leite materno, sugiro continuar deixando seu bebê na posição de amamentação e em contato com sua pele e “amamentar” da maneira que consegue, que pode e que seja bom para ela.

* Depoimento que escrevi para o consultório de Aleitamento Materno Calma. 

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