“Educar é mostrar a vida a quem ainda não viu.” (Rubem Alves)
Por: Paula Studart
Educar crianças é um grande desafio. Lidamos na infância com um “ser humaninho” em formação, o qual podemos considerar uma “pequena grande esponja”, visto que, mesmo com os poucos anos de vida, absorve as diversas informações do ambiente em que vive. Por isso, nessa fase do desenvolvimento do ser humano parece ser tão importante o modelo dos pais, o papel de interação dos irmãos e dos amigos e a educação e pedagogia da escola escolhida. Nada fácil ser pai ou mãe, não é?! Tomar decisões pela vida de um pequeno não é simples, porém é válido considerar o interesse de querer acertar, o desejo de fazer e buscar o melhor para a criança, além da relação de amor que envolve esta história. Realmente “não existe uma receita de bolo” para educar. Contudo, muitas vezes, as informações de fontes confiáveis e também a conversa e respaldo de profissionais da área de saúde e educação podem ajudar no bom desenvolvimento de uma criança.
A ciência psicológica atualmente vem crescendo com pesquisas acerca de estratégias que podem ajudar em uma educação adequada. Para algumas pessoas vão sempre existir dúvidas: E na prática, isso funciona?”. Para os mais antigos” vem os questionamentos: “Eu fui educado de tal maneira e porque com meu filho precisa ser diferente?”, “Para que tantas técnicas se antigamente tudo era feito de uma maneira teste e todo mundo sobreviveu?” Para os críticos vem: “As crianças de hoje precisam de mais punições?”, “Não existem limites na educação atual!” De fato, não existe o certo e o errado, em alguns momentos é necessário flexibilizar, em outros ser mais rígido e firme, mas sem agressividade. É válido conhecer a criança com quem está lidando, a fase na qual ela se encontra e a situação que vivencia.
- Apesar de não existir essa receita exata, acredito que algumas orientações podem ser relevantes para pais no ato de educar e na estruturação do vínculo. Neste momento selecionei cinco orientações que não são baseadas apenas em dados teóricos, mas na minha prática como psicóloga infantil e como “mãe”.
- Nunca desqualifique a compreensão de uma criança. Por menor que seja, o entendimento de uma criança pode ser bem maior do que você imagina. A criança observa o ambiente. Ela tem “ouvidos” apurados. Por isso, em diversas situações em casa, como conflitos familiares, morte de um ente-querido, eventos estressores presentes na família, a criança deve ser considerada de maneira a ser escutada, orientada e acolhida. Conversar com a criança e permitir que ela expresse os seus sentimentos ajuda na regulação emocional.
- Converse com seu filho. Conte o que você faz, faça muitas perguntas. As vezes a correria do dia-a-dia faz com que pais e mães apenas sigam a rotina de levar e buscar nas atividades, fazer tarefas de escola,… Contudo, existe a mais fundamental forma de se aproximar da criança que é o diálogo. Ter o momento “olhos nos olhos” por menor que seja a criança. Fazer perguntas diárias sobre o que é do interesse dela e contar situações que acontecem da sua vida podem ajudar no desenvolvimento da linguagem da criança quando pequena e na expressão de emoções ao longo da vida.
- Separe um horário diariamente para a criança apenas. Desligue o celular, a TV e esteja com seu filho. Deixe ele escolher o brinquedo e brinque. Você pode passar o dia trabalhando, mas a hora da criança é somente dela. Passar o dia inteiro com a criança não significa que você esteja com a criança. Entre no mundo dela. Fale dos personagens que ela tem interesse, use os brinquedos para criar histórias diversas sobre o que ela tem interesse. Escolha um jogo adequado para a idade da criança. Dê risada e permita que seu filho se expresse. Bagunce e depois ensine a ele arrumar. Se isso é feito de uma maneira legal, torna-se tão espontâneo que acaba fazendo parte da brincadeira.
- Crie rotinas. As crianças precisam ter rotinas bem estabelecidas durante a semana. Contudo, isso não significa que não se possa flexibilizar nos finais de semana. É interessante existir o momento das refeições (sendo válido sentar na mesa em família), a hora de dormir (ir desacelerando com atividades mais tranquilas como ler um livro, ouvir uma música relaxante,…), o momento da tarefa da escola e sua prioridade. É sempre adequado que as atividades obrigatórias venham antes dos momentos do brincar ou de realizar a atividade da escolha da criança.
- Não proíba os eletrônicos, mas estabeleça limites. As crianças, atualmente, têm acesso a um mundo de “brincadeiras tecnológicas” que fazem com que os pais admitam que existem dificuldades para definir limites. Esse mundo virtual parece fazer parte da realidade de toda criança e em alguns momentos isolam garotos(as) e impedem uma maior socialização. Então o que fazer com essa geração que exagera no interesse pelos vídeo-games, tablets, iphones, ipads, computadores? Não temos como proibir o acesso e desvencilhar a criança do que é oferecido hoje. No entanto, é válido não deixar que isso absorva a maior parte do tempo deles. Oferecer outras atividades como brincadeiras externas, esportes, jogos de tabuleiros, bonecos (as), peças de montar podem trazer um bem maior. Deste modo, eles vão entender que existem diversas maneiras de brincar e que também é interessante dividir seu tempo e estar com as pessoas.
Conclusão:
O universo imenso da maternidade e paternidade pode ser recheado de boas informações. Sempre é válido conhecer dados de fontes confiáveis e selecionar o que você pode usar com o seu filho. Isso ajuda em uma educação adequada.